quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O Lata Velha e' uma farsa!!!

"O bloco do Caldeirão do Huck 'Lata Velha' é uma grande farça , a
fraude foi desmascarada por João Marcelo , um (in)feliz
'contemplado' (leia-se enganado) pelo programa da Rede Globo , com o
intuito de baratear custos e cumprir a promessa , o carro antigo a
ser restaurado é trocado por outro, que então é reformado para se
parecer com o carro do cliente Após isso começa a segunda etapa ,
uma série de propostas e subornos para manter o cliente calado, até
falsificação de documento e assinatura
Fico a pensar , se um bloco supostamente simples como o 'Lata Velha'
tem tantas fraudes , apenas para conseguir lucrar em cima , quantos
podres ainda estão sob as mentiras e calunias da Globo ? um dia a
casa cai...
Segue abaixo o texto original:
Estava bom demais para ser verdade. Foi o que pensou João Marcelo
Vieira, 37 anos, ao participar do quadro Lata velha, no programa
Caldeirão do Huck, da Rede Globo.
O sonho de ver seu Opala verde, ano 79, transformado em uma
supermáquina durou menos de 24 horas. No dia da gravação, o vendedor
não percebeu que não existia mais nada do Opala no modelo reformado.
Nem no dia seguinte, quando a produção rebocou novamente o carro
para a oficina, alegando que iria acertar a documentação. Meses
depois, ele recebeu o carro,
e só então percebeu, com o documento na mão, que o registro era uma
Caravan 79.
O próprio João Marcelo demorou para entender o que estava
acontecendo. O documento esclarecia as dúvidas: a Caravan marrom,
que antes pertencia a Rubem de Souza, em Minas Gerais, teria sido
comprada por ele próprio por R$ 4.200!
O problema é que João, dono
de um quiosque na Praia do Recreio, garante que nunca esteve na
cidade de Ribeirão das Neves, em Minas, tampouco
adquiriu o carro e muito menos assinou o documento de compra e
venda. Estava, segundo ele, configurada a fraude. E começou uma
odisséia em busca do verdadeiro carro.
'Me deram o documento do carro com minha assinatura falsificada e
sumiram com o Opala, que era de um tio que morreu de câncer e me
pediu para não vendê-lo nunca', lembra João Marcelo. O Opala, que
tinha o apelido carinhoso de Ogro, estava caindo aos pedaços, só
pegava no tranco, mas quebrava galhos. O quiosqueiro nunca tinha
pensado em fazer a reforma. A participação
no Lata velha foi sugestão de dois clientes, os atores Rodrigo
Hilbert e Fernanda Lima. A pedido deles, João Marcelo escreveu uma
carta, entregue, em mãos, a Luciano Huck, durante uma festa.
Dias depois, a produção do programa procurou pelo comerciante, fez
entrevistas e fotos do carro. 'Na terceira entrevista, o Luciano
apareceu no meu quiosque já para pegar o carro. Ele me propôs cantar
uma ópera. Tive sete aulas de canto em Niterói.
Tudo isso levou uns 26 dias.
O carro supostamente foi para Belo Horizonte, eu acho, porque, até
agora, a Justiça não conseguiu achar a oficina, cujo
endereço foi passado pelo próprio dono, Paulinho Fonseca, baterista
da banda Jota Quest', diz João Marcelo.
Para ter seu carro modificado no programa, João interpretou no ar O
sole mio, de Luciano Pavarotti, e emocionou o público.
'No dia seguinte à gravação, dei uma volta com o carro, escoltado
pela Globo. Logo depois, a emissora mandou rebocá-lo sob alegação de
que atualizaria a documentação. No quarto dia, recebi um telefonema
da Rita, da produção do Caldeirão, dizendo que uma pessoa do Sul
tinha oferecido R$ 120 mil para comprar meu carro.
Não aceitei
porque minha intenção era ficar com
o Opala modificado', explica.
Dois meses se passaram e nada do carro voltar. Ele conversou com
Fernanda Lima, que conseguiu marcar uma reunião na Globo. Lá, João
Marcelo diz que recebeu uma proposta financeira e que todos
assumiram o erro do programa. Segundo o comerciante, a emissora não
gostaria que o caso fosse para a Justiça. O encontro teria
acontecido na sala do diretor da emissora Aloísio
Legey. 'Havia três advogados, o Paulinho, o Aloísio e a Ana Bezerra,
diretora de produção. O Aloísio perguntou o que eu queria e disse
que se eu levasse o caso para a Justiça demoraria três anos. Falei
que não queria nada, só o meu carro de volta', conta João Marcelo,
que não esperava uma reação tão enérgica do diretor:
'O Aloísio bateu na mesa e disse que isso poderia acabar com o
programa do Luciano quando eu falei que minha carruagem tinha virado
abóbora e, por isso, a situação era grave', afirma.

O comerciante contou que ficou acertado no encontro que o programa
devolveria o Opala transformado. Passados outros dois meses, o carro
foi entregue. Mais uma vez, era a tal Caravan: 'Quando me deram a
documentação, vi que era da Caravan marrom. O carro foi comprado por
R$ 4.200 e ainda falsificaram minha assinatura para legalizar a
transferência. O número do chassi na documentação não era do Opala.
As placas de identificação nas portas do veículo também eram de
outro carro. O carro é um Frankenstein, foi remontado em cima de
outra carcaça', garante.
Desde janeiro, corre na Justiça um processo contra a Rede Globo e a
Oficina Nittro Hot Rods no cartório da 1ª Vara Cível, em
Jacarepaguá, com um pedido de indenização por danos morais e
materiais.
A pergunta que fica é a seguinte: Onde foi parar o Opala?!?...'
E para quem ainda não acredita, aqui vai o link do processo em
andamento:
Processo em andamento
Obs: observem o domino do link , governo do RJ ... não é fake !
Se entrar no sitio do Tribual de Justiça do Estado do Rio de Janeiro
http://www.tj.rj.gov.br/ e fizer a consulta de processo pelo número
2007.203.000972-9. obtém-se o mesmo resultado.
Consulta Processual - Número - Primeira Instância
As informações aqui contidas não produzem efeitos legais.
Somente a publicação no D.O. oficializa despachos e decisões e estabelece prazos.
Processo No 2007.203.000972-9
TJ/RJ - 22/02/2008 07:43:54 - Primeira instância - Distribuído em 24/01/2007
Regional de Jacarepaguá Cartório da 1ª Vara Cível
Endereço: Professora Francisca Piragibe 80 Forum
Bairro: Taquara
Cidade: Rio de Janeiro
Ofício de Registro: 1º Ofício de Registro de Distribuição
Tipo de ação: Indenização Por Danos Morais, e materiais C/C Obrigação de Fazer
Rito: Ordinário
Autor JOÃO MARCELO VIEIRA
Réu REDE GLOBO DE TELEVISÃO LTDA e outro(s)...
Listar todos os personagens
Advogado(s): RJ105797 - FABIA ANDREA BEVILAQUA VALEIKO
Movimento: 16
Tipo do movimento: Juntada de Mandado
Data da juntada: 14/01/2008
Processo(s) no Tribunal de Justiça: Não há.
Existem petições/ofícios a serem juntados ao processo.
13/02/2008 - Protocolo 200800562590 - Proger Comarca da Capital
13/02/2008 - Protocolo 200800562559 - Proger Comarca da Capital
07/02/2008 - Protocolo 200800477399 - Proger Comarca da Capital
28/01/2008 - Protocolo 200800359463 - Proger Regional de Jacarepaguá
local da organização interna: E-2
Localização na serventia: LOTE 68 (08/02/2008).

sábado, 21 de novembro de 2009

Globo zomba de evangélicos em Novela

Emissora sem vergonha mais uma vez zomba e espalha mentiras a respeito do Povo de Deus na Terra, você que é evangélico pare de dar sua audiência preciosa para esta sanguessuga e você que ainda não é, pare de acreditar nesta manipulação do inferno que são essas novelas que não te edificam em nada.

NEM OS ANÔNIMOS ESCAPAM DA GLOBO

lobo destila seu ódio e sua fúria de baba raivosa destrutiva somente contra pessoas e entidades conhecidas e notórias. Não são somente as pessoas como Leonel Brizola (Governador), Mário Garnero (NEC/Brasilinvest) ou Ibrahim Abi Ackel (Ministro) que experimentam perseguições pessoais movidas pela sanha tresloucada da "Messalina Platinada" do jornalismo nacional.

Pessoas absolutamente comuns, dessas que jamais tiveram qualquer tipo de notoriedade, mesmo sendo "anônimos venezianos" não estão livres da sanha destruidora de reputações da "Messalina Platinada", como por exemplo a família Shimada, proprietária de uma escolinha de bairro, na cidade de São Paulo.

O senhor e a senhora Shimada, pessoas absolutamente comuns, tinham uma escolinha de bairro (Escola de Base) e de repente foram parar no noticiário policial por conta de uma falsa denúncia de pais de um aluno que entendendo que uma assadura nas nádegas de seu filho teria sido em decorrência de abuso sexual ocorrido na Escola de Base.

Um repórter da Globo, cobrindo o fato na delegacia, levou a matéria - sem apuração, que é a regra número um do jornalismo - para o noticiário da televisão local (São Paulo) e irresponsavelmente promoveu o caso como fato consumado e comprovado, dando ao caso grande destaque e notoriedade. E a redação da Globo no Rio, achando a matéria sensacionalista o suficiente para um grande destaque a nível nacional (ainda sem qualquer apuração) lançou a matéria como notícia verdadeira no Jornal Nacional (esse mesmo Jornal Nacional que está comemorando 35 anos de calhordice).

No dia seguinte, na delegacia, diante do julgamento nacional - na verdade um linchamento sem qualquer direito de defesa - com a verdade fabricada pela Globo no Jornal Nacional, o casal Shimada foi arrastado até a delegacia, espancado, torturado, e procuraram arrancar do casal - literalmente - a "verdade" ainda que à força, pois a "verdade" da Globo é tida por imbecis como absoluta e por isso tinha que ser confirmada a qualquer custo.

Diante da negativa do casal, mesmo com espancamentos e tortura, a Globo tratou de alicerçar a sua "verdade", adicionando, por conta própria, novos elementos à sua "denúncia", entrevistando pessoas que não viram e não assistiram a nada, estimulando e direcionando entrevistas maldosamente editadas de modo a dar a entender ao espectador que o Sr.Shimada era um tarado sexual, viciado em pedofilia e que a Sra. Shimada era pior ainda porque apoiava e acobertava essa terrível tara do marido.

Entretanto, em curtíssimo espaço de tempo, a verdade veio à tona. O menino havia tomado grande quantidade de medicamento e em razão disso vinha tendo fortes e seguidas diarréias. Razão pela qual estava "assado", todo irritado e inflamado onde se supunha ter havido abuso sexual.

De imediato, diante da verdade apresentada, confirmada pelo próprio menino e por seus pais, a imprensa local desmentiu a matéria mentirosa da Globo. Mas, e a Globo? O que fazer após quase uma semana inteira apresentando a sua verdade no Jornal Nacional, com o casal Shimada já "julgado" (mesmo sem provas) como um casal de tarados, pedófilos?

A Globo, essa grande "Messalina Prateada" do jornalismo brasileiro, ao invés de desculpas, ao invés de se retratar com grandeza e contar a verdade, não só manteve sua aura de santo de prostíbulo, como agravou ainda mais a falsa denúncia até destruir completamente a família Shimada, acabando inclusive com a sua única fonte de renda que era a Escola de Base.

Este assunto torturou por muitos e muitos anos o Diretor de Jornalismo da Globo, até que tempos depois - já fora da Globo - ele veio a público e admitiu o grande crime e a grande covardia da Globo no caso da Escola de Base. E, apurando a seqüência dos acontecimentos, eu e o Repórter Saulo Gomes, fomos encontrar a Sra. Shimada com seqüelas terríveis e irrecuperáveis, em estado lastimável de saúde, e seu marido, o Sr. Shimada, trabalhando na praça da Sé, num cubículo, vivendo de tirar xerox, com a vida totalmente destruída. E pior... mesmo tendo vencido na justiça, a família Shimada jamais conseguiu executar a sentença e recuperar, ainda que tardiamente, o que restou de sua vida destruída. (Esse é somente um dos trocentos casos de covardia e perseguição feito pela "Messalina Platinada" do jornalismo nacional).

FONTE:http://www.fazendomedia.com/globo40/romero10.htm

Rede Globo: histórias muito além do Plim-Plim

Influenciar resultados eleitorais, impor hábitos e maneiras de falar ou se vestir são atribuições da televisão desde seus primórdios no Brasil, dada a sua presença marcante na vida de todo brasileiro. Mas uma emissora de TV bem conhecida de todo o público sai na frente no cumprimento desses quesitos. É claro que me refiro à Rede Globo de Televisão.

Em nenhum outro país do mundo uma única emissora de TV exerce tanto poder e influência no comportamento político e social de um país como a Globo exerce no Brasil. Tal fato não é saudável para a nossa democracia nem para a sociedade, que tem na TV Globo uma dos poucos meios de informação e entretenimento, sua principal janela para o Brasil e o mundo.

Símbolo da mídia concentrada e anti-democrática

A Rede Globo é a que melhor simboliza a concentração da mídia no país. A empresa detém metade de toda a verba de anúncios comerciais para a mídia em geral, além de garantir aos seus cofres quase 80% de todo o dinheiro destinado para a TV aberta comercial (o restante é dividido entre as outras cinco redes de televisão). A TV Globo é a principal fonte de informação e entretenimento para a grande maioria da população. Sua programação alcança praticamente todo o Brasil, chegando a 5.482 municípios (ou 98,53% do território nacional e 99,47% da população).

Seu conteúdo extremamente padronizado, produzido quase inteiramente no eixo Rio-São Paulo, é levado a uma nação imensa e com inúmeros contrastes sócio-culturais. Nas novelas, principal produto audiovisual da emissora, o que prevalece é o padrão de vida da classe média-alta carioca e paulistana, onde pobres e negros são sempre a minoria.

A TV Globo domina toda a cadeia produtiva televisiva. Ela mesma produz, veicula e distribui seus próprios produtos audiovisuais. Resumindo, ela produz 90% de tudo que exibe em sua programação, segundo informações de sua
página na internet. Conseqüentemente, a produção regional conta com um espaço ínfimo na grade da emissora, sendo resumida ao jornalismo local das afiliadas; e a produção independente, com presença quase nula, vez ou outra emplaca uma obra na “fortaleza global”. Toda a pluralidade e a multidiversidade, tão características de nossas regiões brasileiras, não podem ser vistas em cadeia nacional pelos brasileiros, que são levados a escutar um sotaque uniformizado oriundo do centro-sul (leia-se Rio e São Paulo).

A audiência média da emissora (medida pelo IBOPE) chega a quase 60%, dominando sem maiores ameaças corações e mentes de milhões de brasileiros. No horário nobre (entre 20 e 22 horas), a audiência alcança índices de Copa do Mundo, o que a leva a deter a maior fatia dos recursos publicitários. Um modelo de negócios desigual, que afeta diretamente outras emissoras e prejudica a concorrência. Essa pode ser uma boa explicação para aqueles que ainda acreditam que a Globo é a primeira em tudo apenas por ter a “melhor” programação. Mas não é tão simples assim! Veja por quê!

É de perder de vista o “império” midiático edificado pelos Marinho. Sob o poder das Organizações Globo estão inúmeros veículos, sendo a única empresa de comunicação no Brasil que detém todos os tipos de mídia, entre jornais diários, revistas, portais de internet, emissoras de rádio AM e FM, canais de TV em VHF e UHF, TV Paga, entre outros. Ela controla a Som Livre (gravadora musical), aEditora Globo (que edita a revista Época e outras dezenas de títulos, que vão desde revistas em quadrinhos até publicações segmentadas para jovens e mulheres), as rádios CBN e Globo, aNET (maior operadora de TV paga do país), três jornais (O Globo,Extra e Diário de São Paulo), e a Globo.com, que reúne cerca de 350 sites, entre eles o Portal G1, o Paparazzo e oGloboesporte.com, que distribuem todo o conteúdo da Rede Globo na internet.


Não se perca nos números, pois ainda não acabou! Sob sua tutela, ainda aparecem cinco emissoras de TV próprias (Rio, São Paulo, Brasília, Recife e Belo Horizonte) e, como afiliadas, cerca de 120 emissoras espalhadas pelo país que retransmitem a programação da Rede Globo. São 29 grupos de comunicação que atuam em parceria com o maior conglomerado de mídia da América Latina.

Os negócios da Globo também alcançam o mundo, com a TV Globo Internacional e a Globo TV Sports, responsável por distribuir eventos esportivos nacionais a vários outros países. O Brasil – quero dizer, Rio e São Paulo, salvo raríssimas exceções - é exportado para todos os continentes por meio das novelas e minisséries.

Ao verificarmos a presença da Rede Globo em âmbito regional, ou seja, nos estados, fica evidente o predomínio dos veículos afiliados à emissora. Jornais, emissoras de rádio ou de televisão, não importa, desde que estejam ligados a alguma afiliada da Rede Globo esses meios dominam a audiência em seus estados e ainda se constituem em verdadeiros conglomerados de mídia regionais. É o conhecido “monopólio em cruz” praticado pela Globo e que se reflete na esfera local.

As relações com o poder

A Rede Globo nasceu e cresceu na ditadura militar, em 1965, quando o Brasil passou por momentos de muita violência, como a censura, a tortura e a morte de cidadãos contrários ao regime militar e ao fim das liberdades civis e políticas. Foi graças à ditadura que Roberto Marinho (já falecido) ganhou a concessão de um canal de TV que, mais tarde, alcançaria o país de norte a sul.

A constituição da emissora como rede nacional de televisão se deu graças ao projeto dos militares de unificar o país no plano das consciências. Uma grande infra-estrutura de telecomunicações foi então erguida para colocar em prática esse ideal militar, o que beneficiou economicamente as empresas de mídia que se expandiam na época. É o que podemos chamar de convergência de interesses entre militares e radiodifusores.

Mas para que a Globo se tornasse um grande império de comunicação e conquistasse a liderança na preferência dos brasileiros, ela apoiou a ditadura militar em troca de inúmeros benefícios. Um exemplo das ilegalidades praticadas pela emissora na época foi um polêmico contrato firmado com uma empresa de comunicação dos Estados Unidos (a Time-Life) para que conseguisse montar toda a estrutura necessária à implantação da TV, fato que deixou a Globo muito à frente das demais emissoras. Isso implicou, posteriormente, a criação de uma CPI e também mudanças na legislação das comunicações da época.

Com o passar dos anos, a Rede Globo construiu uma relação íntima e perigosa com o poder político no Brasil. A forte influência da emissora sobre a população ajudou a eleger algumas autoridades importantes, como dois presidentes da República (Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso), além de servir de palanque eleitoral a tantos outros poderosos que atenderam aos interesses privados da emissora.

Vale lembrar que alguns dos políticos mais tradicionais do Brasil controlam emissoras de rádio e TV afiliadas à Rede Globo, a exemplo dos senadores José Sarney (Sistema Mirante de Comunicação, no Maranhão), da família do ex-senador Antônio Carlos Magalhães (o ACM, já falecido, da Rede Bahia de Televisão, na Bahia), e do senador e ex-presidente da República Fernando Collor de Melo (TV Gazeta de Alagoas), apenas para citar alguns representantes do chamado coronelismo eletrônico.

Globo: empresa ou partido político?

Embora haja resistência de alguns quanto a esse conceito, a história brasileira recente confirma a tese de que a Rede Globo atuou como um partido político. O caso mais emblemático aconteceu com o então candidato à presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva, no segundo turno da primeira eleição direita para presidente após a ditadura militar. Lula, o candidato da esquerda, disputou com o desconhecido Fernando Collor de Melo, vendido pela grande mídia nacional como o “caçador de marajás”, aquele que salvaria o país da “ameaça vermelha”, liderada pelo Partido dos Trabalhadores (PT).

Era preciso frear a suposta ameaça comunista, personificada no líder operário grevista. Pouco antes da realização do segundo turno em 1989, Lula e Collor foram colocados frente à frente num debate transmitido pela Rede Globo que, mais tarde, passaria por um processo maquiavélico de manipulação e distorção de sentidos. Após uma edição maliciosa da emissora, e por ordens superiores, a montagem da farsa eleitoral foi exibida nos principais telejornais da Globo para todo o país.

Lula foi apresentado em seus piores momentos no debate, enquanto o candidato das elites saiu como “vitorioso”. Nos dias que antecederam ao debate, Lula e Collor travaram uma disputa praticamente equilibrada no âmbito das pesquisas, até que “os donos da mídia e do Brasil” nos revelaram quem realmente são e o que podem fazer caso se sintam ameaçados em seus tronos midiáticos.

O final dessa história creio que todos saibam: Collor foi eleito presidente do Brasil e, dois anos depois, por denúncias de corrupção, deixou o cargo graças a um impeachment. E a mesma mídia que o colocou no poder máximo da República, ajudou a destituí-lo. (Duas obras comprovam essas afirmações: Jornal Nacional – A notícia faz história, Jorge Zahar Editor, e o clássico
A história secreta da Rede Globo, de Daniel Herz, este último disponível para download gratuito).

Outro momento magistral da história política brasileira, em que a Rede Globo atuou como protagonista, se passou durante as manifestações das Diretas Já!, que pedia eleições diretas para presidente da República. Grandes comícios ocorreram pelo país e levavam multidões às ruas, mas a Globo relutou o quanto pôde a transmiti-los. O movimento das Diretas pedia nada mais nada menos que democracia. Isso talvez explique a postura indiferente da emissora diante do fato e, posteriormente, sua fraca cobertura daquele acontecimento.
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A história da Rede Globo não foi registra apenas por livros. Um documentário polêmico e repleto de depoimentos sobre a rede de TV dos Marinho foi produzido por Simon Hartog para a BBC de Londres. A produção, datada de 1993, narra as políticas de comunicações no Brasil e as relações da Globo com o poder político desde a ditadura militar até dias mais atuais.
Discurso ideológico disfarçado de informação

Mas as atuações político-ideológicas não param por aí! Entre 2005 e 2006, na tentativa de evitar a reeleição de Lula (mais uma vez ele na mira da “Vênus Platinada”), várias foram as notícias negativas divulgadas pelos meios de comunicação da Globo contra o PT e o presidente, e muitas sem a devida apuração e comprovação. Até a palavra “mensalão” foi cunhada e repetida exaustivamente para designar práticas corruptas supostamente “inauguradas” (atenção às aspas!) pelos petistas. Dessa vez, porém, o povo mostrou que ele próprio é o dono de seu voto e não se ilude com farsas. (Sobre esse tema, pode ser consultado o livro A Mídia nas eleições de 2006, de Venício Arthur de Lima, da editora Fundação Perseu Abramo).

O conglomerado da família Marinho também costuma perseguir em seus telejornais movimentos populares legítimos, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), injustamente tachados como “invasores” e “baderneiros”, e ainda distorce informações importantes sobre autoridades eleitas pelo povo, a exemplo do que faz contra os presidentes Hugo Chávez (Venezuela) e Evo Morales (Bolívia), ambos meros “ditadores populistas”, segundo os editores da rede de televisão “mais democrática do país” (atenção mais uma vez às aspas!). O “outro lado”, regra primária do jornalismo, é algo estranho tanto à Globo como a toda grande mídia privada brasileira.

Como se não bastasse tantas “benfeitorias”, ainda nos deparamos com um discurso descaradamente pró-Bush e suas guerras macabras, que se repetem desde a invasão do Afeganistão e do Iraque pelos EUA até a política terrorista de Israel contra o povo palestino. Tudo isso é facilmente observado e comprovado no telejornalismo da Globo, e sem qualquer esforço. Fato este infelizmente detectado em outras grandes emissoras de TV no país.

Como se percebe, quando os interesses políticos e financeiros da Globo se vêem ameaçados, seja dentro ou fora do Brasil, ela revela sua verdadeira face! Onde está a “velha” conhecida democracia, tão lembrada e defendida nos discursos da Rede Globo? Será que ainda podemos confiar em tudo que diz a TV do PLIM-PLIM? Definitivamente, Democracia e Rede Globo são expressões completamente antagônicas!

Revelada a farsa no BBB!

Com exclusividade, o LARANJAS revela um dos maiores segredos da televisão brasileira. Muitos suspeitavam, mas agora chegou a hora de dizer a verdade: ao ter acesso a documentos secretos da Rede Globo, a equipe do LARANJAS finalmente descobriu que o reality show Big Brother Brasil é uma farsa. Um funcionário da produção, revoltado com a baixa quantidade de gostosas dessa 9ª (ou seria 10ª) edição do BBB, entregou-nos um envelope contendo nada mais que o pré-script do programa do dia 20, onde ocorrerá o primeiro Paredão. O traidor funcionário quis se manter anônimo.

Atenção, se você, apesar de ter lido o parágrafo anterior e descoberto a verdadade, ainda ache graça em ver um monte de gente idiota fazendo idiotices na TV, não leia o restante do texto. Contém spoilers do próximo episódio, que vai ao ar no dia 20 de janeiro, após a novela.

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PRIMEIRO BLOCO

1- Pedro Bial entra ao vivo no lado de fora da casa. Introduz o que será apresentado no programa. Faz uma palhaçada para chamar a atenção das 3 torcidas.

2-Roda VT de um resumo contendo cenas aleatórias do dia.

3-Bial anuncia que irá se comunicar com os participantes. A fala DEVE ser: "vamos entrar em contato com a Nave do BBB".

4-Conexão Bial - Casa. Bial deve usar sua criatividade para chamar os participantes. Escolhe algum para fazer uma pergunta constrangedora. Pergunta aos "emparedados" o que eles estão sentindo. Mostra a cada um as imagens da sua torcida (e comenta os batimentos cardíacos).

FIM BLOCO 1

SEGUNDO BLOCO

1-Bial fala uma asneira qualquer para as torcidas fazerem barulho.

2-Roda VT com aquela charge animada ridícula sobre algum fato "inusitado" que ocorreu na Casa.

3-Conexão Bial - Participantes. Bial comenta sobre o fato "inusitado" da charge. Participantes devem rir. Novamente o procedimento de mostrar aos "emparedados" suas torcidas e seus batimentos cardíacos (agora o editor deve aumentar em 20% o número no gráfico que mostra os batimentos de cada um).

4-Bial se despede anunciando que o "próximo bloco será para valer". Os 3 emparedados devem se abraçar e chorar. Aquele que foi indicado pelo líder deve encarar o mesmo.

FIM DO BLOCO 2

TERCEIRO BLOCO

1-Bial faz a mesma coisa com a torcida que fez nos dois primeiros blocos, porém, anunciando que será o bloco derradeiro.

2-Roda VT de momentos dos 3 "emparedados". São imagens escolhidas pelo diretor para que o participante eliminado tenha uma imagem negativa ao telespectador.

3-Conexão Bial - Participantes. O jornalista deve enrolar o máximo possível para segurarpor 10 minutos a audiência. Recomenda-se o uso de seu repertório de citações esdrúxulas e palavras difíceis. Os "Brothers" fingem entender a "erudição" de Pedro Bial.

4-Anúncio do eliminado. Bial tem que dar a entender que certo participante será eliminado, para depois anunciar que foi o outro. O editor do gráfico de BPM deve aumentar cada número em 20% novamente. Com o anúncio, o eliminado faz cara de resignado e abraça os outros, que choram. Fala de sussurro para algum participante qualquer que "está torcendo por ele(a)". Antes de sair dá mais um tchau.

5-Do lado de fora, larga as malas e dá uma corridinha para abraçar a família. Enquanto isso, Pedro Bial fica chamando insistentemente o eliminado. Após 3 minutos de abraços e choros, Bial pergunta o que ele leva da "experiência". O eliminado deve dizer: "Foi uma experiência pra vida, eu aprendi muito...(completar com qualquer coisa que sair de sua mente estúpida)". Bial anuncia o chat do BBB com o eliminado. Espiadinha.

FIM DO PROGRAMA
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Infelizmente o nosso informante não teve acesso ao nome do eliminado. Ele alegou que, além da falta de gostosas, continua ganhando a mesma coisa que na primeira edição, e por isso decidiu por um fim nessa farsa. Questionada, a Rede Globo ainda não se pronuciou sobre o caso.

CRIANÇA ESPERANÇA A FARSA



REDE GLOBO TREME - VIVA A INTERNET! Circula na Internet um e-mail cuja mensagem vem causando arrepios à Rede Globo: Criança Esperança: Você está pagando imposto da Rede Globo! Quando a Rede Globo diz que a campanha Criança Esperança não gera lucro é mentira. Porque no mês de Abril do ano seguinte, ela (TV Globo) entrega o seu imposto de renda com o seguinte desconto:doação feita à Unicef no valor de... aqui vem o valor arrecadado no Criança Esperança). Ou seja, a Rede Globo já desconta pelo menos 20 e tantos milhões do imposto de renda graças à ingenuidade dos doadores! Agora se você vai colocar no seu imposto de renda que doou 7, 15, 30 ou mais pro Criança Esperança, não pode, sabe por quê? Porque Criança Esperança é uma marca somente e não uma entidade beneficente. Já a doação feita com o seu dinheiro para o Unicef é aceito. E não há crime nenhum. Aí, você doou à Rede Globo um dinheiro que realmente foi entregue à Unicef, porém, por que descontar na Receita Federal como doação da Rede Globo e não na sua? Do jeito que somos tungados pelos impostos, bem que tal prática contábil tributária poderia se chamar de agora em diante de Leão Esperança. Lição: Se a Rede Globo tem o poder de fazer chegar a mensagem dela a tantos milhões de televisores, também nós temos o poder de fazer chegar a nossa mensagem a milhões de computadores! EXERÇAMOS ESTE PODER-DEVER, ENVIANDO ESTE TEXTO À LISTA DE AMIGOS E CONTATOS.

FARSA DA REDE GLOBO



REDE GLOBO TREME - VIVA A INTERNET! Circula na Internet um e-mail cuja mensagem vem causando arrepios à Rede Globo: Criança Esperança: Você está pagando imposto da Rede Globo! Quando a Rede Globo diz que a campanha Criança Esperança não gera lucro é mentira. Porque no mês de Abril do ano seguinte, ela (TV Globo) entrega o seu imposto de renda com o seguinte desconto:doação feita à Unicef no valor de... aqui vem o valor arrecadado no Criança Esperança). Ou seja, a Rede Globo já desconta pelo menos 20 e tantos milhões do imposto de renda graças à ingenuidade dos doadores! Agora se você vai colocar no seu imposto de renda que doou 7, 15, 30 ou mais pro Criança Esperança, não pode, sabe por quê? Porque Criança Esperança é uma marca somente e não uma entidade beneficente. Já a doação feita com o seu dinheiro para o Unicef é aceito. E não há crime nenhum. Aí, você doou à Rede Globo um dinheiro que realmente foi entregue à Unicef, porém, por que descontar na Receita Federal como doação da Rede Globo e não na sua? Do jeito que somos tungados pelos impostos, bem que tal prática contábil tributária poderia se chamar de agora em diante de Leão Esperança. Lição: Se a Rede Globo tem o poder de fazer chegar a mensagem dela a tantos milhões de televisores, também nós temos o poder de fazer chegar a nossa mensagem a milhões de computadores! EXERÇAMOS ESTE PODER-DEVER, ENVIANDO ESTE TEXTO À LISTA DE AMIGOS E CONTATOS.

SUBLIMINAR XUXA FALA DE JESUS

XUXA FALA EM SEU PROGRAMA SOBRE JESUS E DEUS, PORÉM AO FALAR ESTES NOMES ELA FAZ O SINAL SATÂNICO NOS DEDOS QUE SEGURAM O MICROFONE

Rede Globo Farsa do Soletrando

JORNALISTAS PERSEGUIDOS NA TV GLOBO

Embora a direção negue, está cada vez mais evidente a perseguição política aos jornalistas que não concordam com a linha editorial da emissora. Leia aqui os bastidores das demissões, das ameaças e da reunião de Ali Kamel com editores do Jornal Nacional num hotel onde a diária não sai por menos de R$ 600,00. E veja também onde o oligopólio da mídia entra nessa história

Por Marcelo Salles - salles@fazendomedia.com

Avenida das Nações Unidas 13.301. Este é o endereço do novo distrito empresarial da Marginal Pinheiros, onde se encontra o Hotel Grand Hyatt São Paulo, um dos mais luxuosos da cidade. Se você quiser dormir ali, terá que desembolsar no mínimo 600 reais. Por noite. Em compensação, dormirá ao lado de "importantes centros empresariais, comerciais e financeiros, além dos Shoppings Morumbi, Market Place e D&D", como informa a página oficial do hotel na internet. Há outras vantagens. Por exemplo, não é preciso se hospedar na suíte diplomática (R$ 1.600,00 por noite) para desfrutar dos magníficos travesseiros "king-size e edredons de pena de ganso, não alérgicos" ou da "roupa de cama 100% algodão egípcio". Eles estão em todos os apartamentos.

Foi no Grand Hyatt que Ali Kamel, diretor-executivo de jornalismo da TV Globo, decidiu se reunir em meados de março com editores do Jornal Nacional. O encontro-almoço foi realizado no Restaurante japonês Kinu, onde o preço do rodízio por pessoa fica em R$ 60,00. Seu folheto afirma que o "restaurante Kinu oferece um ambiente em que predominam as cores e formas do oriente. Essa atmosfera de modernidade faz um contraponto com a cozinha de Yasuo Asai, chef japonês que procura reproduzir em suas criações a autenticidade da culinária japonesa tradicional. No Kinu, o sabor do Japão está presente nos sushis e sashimis, nos pratos quentes e também no menu de sobremesas, todas sugestões acompanhadas de uma carta de saquês única no país".

Entre um sushi e outro, Kamel deixou claro que seu objetivo era desanuviar o clima. Sempre de maneira muito polida, afirmou que a TV Globo é uma empresa democrática, pluralista e que nunca iria fazer jogo partidário.

O editor de economia do Jornal Nacional em SP, Marco Aurélio Mello, estava presente. Ele havia sido um dos jornalistas a se recusar a assinar o abaixo-assinado preparado por Kamel com o objetivo de negar que a Globo havia tentado influenciar o resultado das eleições. O jornalista, assim como outros que estiveram presentes à reunião, entendeu a atitude de Kamel como uma proposta de trégua. O diretor da Globo chegou a colocar seu endereço eletrônico à disposição da equipe e incentivou que escrevessem sempre que tivessem alguma reclamação.

No dia 23 de março, Marco Aurélio tomou um susto. O chefe de jornalismo em São Paulo, Luiz Cláudio Latgé, avisou que ele estava demitido. Latgé teria dito que após uma avaliação interna de seu trabalho, concluiu-se que seu perfil não era mais compatível com a empresa. Funcionário da casa há 12 anos, Marco Aurélio Mello foi editor do Jornal Nacional durante quatro anos e do Jornal da Globo por outros três. Era ele quem ajudava a pautar Franklin Martins, que ficava em Brasília.

De acordo com um jornalista da TV Globo, que preferiu não se identificar, antes do primeiro turno das eleições presidenciais, Marco Aurélio havia comentado que tinha recebido a orientação de que deveria "pegar leve" com os indicadores econômicos que pudessem ser interpretados como pró-governo.

Estado de choque
No dia seguinte à demissão, 24 de março, Marco Aurélio foi internado às pressas no Hospital Santa Casa de Vinhedo. Segundo um parente, ele estava em "estado de choque devido à crueldade da demissão". Para piorar a situação, sua esposa estava grávida de nove meses e teria o bebê em breve. Marco teve alta no mesmo dia, com a recomendação de manter repouso absoluto, sem se exaltar e sem se submeter a qualquer condição de estresse durante dez dias.

Na segunda-feira, dia 26 de março, escrevi um correio eletrônico para o chefe de jornalismo da TV Globo em São Paulo com as seguintes perguntas: é verdade que o jornalista Marco Aurélio Mello foi demitido por "não se adequar ao perfil da empresa"? Se for verdade, qual seria o perfil da empresa? E se não for verdade, por qual motivo ele foi demitido? É verdade que o Aurélio era um dos jornalistas que não havia concordado em assinar o abaixo-assinado em defesa da cobertura das eleições? É verdade que há um clima de medo entre alguns jornalistas da TV Globo em São Paulo?

Primeiro, recebi uma resposta automática: "Estarei fora a partir deste sábado, 24, e até a próxima sexta-feira, 30, num curso da Fundação Dom Cabral, em Belo Horizonte. Neste período, a Cris Piasentini responde pela Redação". Em seguida, recebi uma ligação da Central Globo de Comunicação. Uma moça muito gentil perguntou se eu havia solicitado informações sobre o Marco Aurélio e eu repeti as perguntas. Ela disse que a única informação que foi passada a ela é que o jornalista foi demitido devido a mudanças operacionais e remanejamento interno da equipe. Insisti um pouco e ela acabou dizendo que a demissão teria acontecido porque a empresa abriu novas vagas. Eu disse que era estranho, porque se a empresa estava contratando, não deveria haver razão para demissões.

Cerca de uma hora depois, Luiz Cláudio Latgé respondeu genericamente às perguntas que eu havia enviado pelo correio eletrônico: "O clima é ótimo na Redação. O Aurélio não foi o único a não assinar o documento. Outros não assinaram e continuam trabalhando normalmente e contamos com eles. Na redação, o clima é positivo, diante dos novos desafios propostos a vários profissionais a quem, por seus méritos, foram confiadas novas missões na Redação".

A versão de Latgé é contestada por mais de um funcionário da TV Globo de São Paulo. Estes insistem que há um clima de medo na Redação, sobretudo entre aqueles que se recusaram a assinar o abaixo-assinado em defesa da empresa. Há quem fale em "caça às bruxas". No mesmo dia em que Marco Aurélio era internado, seu pai, também jornalista, divulgou uma carta de solidariedade em seu blogue: "Um jornalista não pode se sujeitar a coação de assinar manifesto político, com o qual não concorda, ainda que perca sua vida. Daí a minha grande dúvida, nenhum emprego por mais valioso que seja, por mais amor que a ele se tenha, como você tinha, pode ser mais valioso que a própria vida, principal direito inalienável da pessoa humana. Parabéns pela sua atitude".

Contextualizando
Tudo começou no dia 29 de setembro do ano passado. Na antevéspera das eleições presidenciais, um Boeing da Gol caiu e matou 154 pessoas. Foi o maior acidente da história da aviação brasileira. Entretanto, o Jornal Nacional não divulgou a notícia e reservou a maior parte de seu noticiário à cobertura eleitoral, sendo 8 minutos para as notícias sobre o então famoso Dossiê. O sentido das reportagens era claro: prejudicar a imagem do PT e favorecer a candidatura do PSDB.

A revista CartaCapital (18/10/2006), em reportagem assinada por Raimundo Pereira Rodrigues, registrou com detalhes a manobra do Jornal Nacional. Raimundo conta que a TV Globo foi beneficiada pelo delegado da Polícia Federal Edmilson Bruno, que preparou uma cópia exclusiva do CD que continha as fotos do dinheiro que seria usado para comprar o Dossiê e negociou a exibição do material no principal telejornal da Globo.

Ali Kamel escreveu uma resposta, publicada como matéria paga em CartaCapital e divulgada pelo Observatório da Imprensa. Outros veículos eletrônicos cobriram amplamente a questão e entre 358 comentários de internautas, apenas 21 defendiam Kamel enquanto 337 o criticavam. Não satisfeito, o diretor-executivo de jornalismo da TV Globo fez circular um abaixo-assinado em defesa da cobertura da emissora entre os jornalistas da casa. Alguns se recusaram a assinar e outros solicitaram que seus nomes fossem retirados, após perceberem o uso político que poderia ser feito do documento.

Fontes dentro da emissora revelam que no dia em que o abaixo-assinado circulou na redação de São Paulo, Marco Aurélio tomou a iniciativa de ligar para o chefe de redação, Mariano Boni, pedindo que o nome dele e de outros colegas fossem retirados. Boni, ao sair da sala, teria desabafado diante de um grupo de funcionários: "Quem não estiver contente que pegue o boné e vá para a TV Record".

No dia 19 de dezembro do ano passado, Rodrigo Vianna, repórter especial da TV Globo durante doze anos, foi o primeiro a receber a notícia de que não teria seu contrato renovado. Em uma carta enviada aos colegas, Rodrigo afirmou que o clima estava insuportável. E denunciou que "Nunca, nem na ditadura (dizem-me os companheiros mais antigos) tivemos na Globo um jornalismo tão centralizado, a tal ponto que os repórteres trabalham mais como bonecos de ventríloquos, especialmente na cobertura política!".

JORNALISTAS SOFREM PERSEGUIÇÃO NA TV GLOBO

Sobre a cobertura das eleições, ele confirmou a manipulação dos chefes. "Intervenção minuciosa em nossos textos, trocas de palavras a mando de chefes, entrevistas de candidatos (gravadas na rua) escolhidas a dedo, à distância, por um personagem quase mítico que paira sobre a Redação: "o fulano (e vocês sabem de quem estou falando) quer esse trecho; o fulano quer que mude essa palavra no texto".

Luiz Cláudio Latgé veio a público responder a carta de Rodrigo. Em seu texto, ele tenta desqualificar o jornalista. Latgé escreve: "Lamento que [Rodrigo] tenha perdido o equilíbrio e tentado transformar um assunto funcional interno numa questão política, que jamais existiu. A confusão de idéias que o Rodrigo Vianna expressa deve ter razões pessoais e compromissos que não nos cabe julgar. Peço desculpas aos colegas pelos ataques e ofensas por ele dirigidos". Em entrevista exclusiva ao Fazendo Media, Rodrigo conta que foi obrigado a pular a catraca eletrônica para poder sair da empresa. "Parece coisa de senhor de engenho". Além disso, o ex-repórter da Globo conta dois episódios em que reportagens suas foram censuradas.

No mesmo período, o comentarista Franklin Martins foi afastado da TV Globo. Durante o período eleitoral, o jornalista demonstrou equilíbrio em seus comentários e se recusou a repetir o coro da maioria dos comentaristas, na linha "o PT inventou a corrupção no Brasil". Antes de sair de férias, Franklin fora avisado que estava tudo bem, que ele poderia ir tranqüilo. Havia a preocupação com dois textos publicados contra ele por Diogo Mainardi, na revista Veja. Quando Franklin voltou, recebeu a notícia de que seu contrato não seria renovado. Em entrevista à Caros Amigos, ele descreveu o momento da seguinte maneira:

"Ó, Franklin, nós fizemos uma pesquisa qualitativa muito grande, vários grupos aqui, todos os jornais, todos os telejornais, todos os âncoras, os comentaristas e tivemos uma surpresa: a sua imagem diante do telespectador é fraca". Eu olhei: "Como é que é?" "É, sua imagem é fraca." [...] me estenderam um papelzinho que tinha uma foto minha e cinco tópicos do que a qualitativa tinha dito a meu respeito. A primeira era assim: "Alguns entrevistados não souberam dizer quem era". A outra dizia: "Fala sobre as coisas da política, as coisas de Brasília". Terceiro: "Dá menos opinião e mais informação" - o que considero um extraordinário reconhecimento do que eu quero fazer como profissional. Quarto: "Faz comentários muito equilibrados" - a mesma coisa. E eu digo: "Bom, e aí?" "E aí nós pensamos melhor, eu pensei melhor, e decidi não renovar o seu contrato." Eu digo: "Espera aí, conta outra!" "Não, não, é isso." "Ó, fulano (pede que não coloquemos o nome), eu saí de férias você dizendo que minha posição é consolidada; agora você diz que saiu numa pesquisa uma coisa assim, todo mundo vai achar evidentemente que tem alguma coisa a ver com o Diogo Mainardi. Tem alguma coisa a ver com isso?" "Eu sou peremptório, não tem nada a ver com isso." "Mas todo mundo vai achar que tem, e aí?" "Não, não." Aí eu olhei: "Então não há o que discutir, mas é o seguinte: tenho o Fatos e Versões pra gravar amanhã, como é que faz?" "Não, você não precisa gravar mais nada na TV Globo." "Está vendo, é alguma coisa diferente de a minha imagem estar fraca, porque, se minha imagem estivesse fraca, talvez você tivesse dito: 'Você não quer ficar na Globo News, fazer alguma coisa?' Não, alguma coisa aconteceu que eu não sei o que é e você não quer me dizer, e acho que devia me dizer." "Não, não." "Então está bom".

Outro que não ratificou a posição da emissora foi o repórter Carlos Dornelles, que pediu para não cobrir política em 2006 porque já havia entrado em conflito com Ali Kamel, de acordo com funcionários da empresa. Em outubro, Dornelles concedeu uma entrevista no Rio Grande do Sul afirmando que "os barões da imprensa deveriam ser investigados". Em virtude de sua afirmação, ele teria sido chamado por Latgé para se explicar. Como não recuou, foi deslocado para o Globo Rural. Outro repórter teria dito para Latgé, na frente de outras pessoas, que a cobertura da Globo estava vergonhosa. Foi colocado na "geladeira".

A emissora vem adotando basicamente duas táticas para remover de seus quadros os jornalistas que não concordam com sua linha editorial. Uma é a desqualificação pública via terceiros, seguida de uma justificativa do tipo "sua imagem não está boa junto ao público". A segunda tática é garantir ao demissionário que está tudo bem, que ele não será demitido. A pessoa se tranqüiliza, continua a produzir normalmente e se sente segura para mostrar sua maneira de pensar - o que certamente será observado pelos chefes. Após esse relaxamento, quando a notícia chega, a pessoa fica sem reação e não consegue articular uma defesa. Não é raro que entre em estado de choque e, conforme sua estrutura psicológica, pode cair em depressão. São raríssimas as atitudes como a de Rodrigo Vianna, que conseguiu colocar o pensamento em ordem e divulgar uma carta revelando as manipulações na cobertura eleitoral da TV Globo. Sua defesa, articulada, causou grande desgaste à imagem da emissora.

Assim como em 1982, durante as eleições para o governo do RJ, e em 1989, para a presidência da República, a Rede Globo usou sua força política para influenciar o resultado de um processo eleitoral. O que na época foi denunciado por observadores externos, agora se confirma a partir da entrevista com Rodrigo Vianna, além de depoimentos de funcionários assustados e demissões de jornalistas que manifestaram sua discordância em relação à linha adotada pela Globo na cobertura eleitoral.

As demissões podem até ser discutidas a partir do caráter privado da empresa. Mas este não é o único. A Globo não é apenas uma empresa privada. É uma empresa privada que opera uma concessão pública e, como tal, deve estar subordinada ao controle público. Além disso, a informação é um bem público e não pode sofrer clivagens de mercado ou ideológicas. Sobre as relações trabalhistas, cabe aos órgãos competentes - Ministério Público, Ministério do Trabalho, Justiça do Trabalho - verificar esses contratos de Pessoa Jurídica cada vez mais utilizados pelas emissoras privadas para fugir dos encargos trabalhistas. O poder público deve coibir e multar as empresas que fazem uso deste recurso, o que acaba mantendo os funcionários sob tensão a cada renovação de contrato.

A questão trabalhista da TV Globo esbarra no problema central da televisão aberta brasileira. Trata-se da existência de um oligopólio composto por seis grupos privados que controlam todo o conteúdo produzido e distribuído num país com 190 milhões de pessoas. Além de contrariar o artigo 220 da Constituição Federal, é sabido que nenhum setor concentrado desta forma pode oferecer uma quantidade satisfatória de empregos ou estabilidade para os funcionários.

Há também um outro aspecto a ser levado em consideração, que diz respeito ao caráter do setor. As empresas de comunicação não são como as indústrias de automóvel, ferro, carvão ou petróleo. Além de produzirem bens tangíveis, que podem ser comercializados (novelas, filmes, esportes, carnaval, etc.), esses artigos possuem um capital subjetivo poderosíssimo. Tão poderoso que conferem a seus detentores a responsabilidade por transmitir formas de sentir, pensar e viver a cada indivíduo e, conseqüentemente, lhes garante o poder de interferir em toda a sociedade. Assim, tanto é possível legitimar editorialmente genocídios quanto erradicar o analfabetismo. Só depende do uso que se faz dos meios de comunicação e, em especial, da televisão.

Como disse Eugênio Bucci, no livro Brasil em tempo de TV, página 17: "O que temos hoje no Brasil, na era da globalização, é ainda o produto daquele velho projeto autoritário: a gente brasileira, condenada à desigualdade, com a pior distribuição de renda do mundo, é o país que vibra unido na integração imaginária: na Copa do Mundo, no final da novela, na morte do ídolo do automobilismo, na 'festa cívica' das eleições presidenciais. Não por acaso, todos esses momentos de confraternização são espetáculos de TV".


O AVANÇO DA CENSURA NA TV GLOBO

Rodrigo Vianna: ex-repórter da TV Globo, demitido após se recusar a assinar um abaixo-assinado defendendo a cobertura eleitoral da emissora, fala com exclusividade aoFazendo Media e confirma que, de fato, existe interferência política no Jornal Nacional. No final do ano passado, Rodrigo denunciou as distorções praticadas pela TV Globo para prejudicar a campanha de Lula e favorecer Geraldo Alckmin. Mas não aconteceu apenas durante as últimas eleições. Nesta entrevista, Rodrigo conta dois outros episódios em que foi vítima de censura e se pergunta: "Será que a Globo fez uma opção parecida com a da Igreja Católica de Ratzinger: ficar mais coesa, mas também menor e mais reacionária?".

Entrevista concedida a Marcelo Salles. Leia também a reportagem Jornalistas sofrem perseguição na TV Globo.

Qual é sua formação?
Eu me formei em Jornalismo na Cásper Líbero, em São Paulo, e me formei também em História, na USP.

Qual foi o primeiro veículo de comunicação em que você trabalhou?
Comecei na Folha de S. Paulo como frila e depois contratado em 1990. Entrei alguns dias antes da posse do Collor. Trabalhei na Folha até meados de 1992. Comecei no "suplementos", no caderno de imóveis. Cobria mercado imobiliário, dicas pra casa, por aí. Depois passei pra "cidades", que era o caderno que se chama "cotidiano". Fui redator e depois editor-assistente de fechamento, cuidava de fazer os títulos, as legendas, reescrever os textos, copydesk mesmo. E dava plantão no final de semana, às vezes na "política".

E você ficou lá até 1993? Saiu com o Collor?
Fiquei lá durante todo o período Collor. Inclusive teve a famosa invasão do jornal, que a Folha chamou de invasão pela Receita Federal. Mandaram a Receita fazer uma devassa nas contas da Folha, saiu um editorial do Octávio Frias Filho [proprietário da Folha de S. Paulo] na primeira página reagindo àquilo, um editorial belíssimo. Quando saí da Folha fui para a TV Cultura, bem no início do processo deimpeachment. Minhas primeiras matérias na Cultura eram acompanhar o Pedro Collor, que vinha a São Paulo dar entrevistas.

E ficou na TV Cultura até quando?
Entrei em meados de 92 e fiquei até meados de 95. Três anos.

Aí você foi pra TV Globo?
Aí eu fui pra TV Globo. Passei três anos muito legais na TV Cultura, um período muito criativo, quando se criou o Castelo Rá-Tim-Bum, aquele X-Tudo, o clima na TV era de uma liberdade enorme para criar, principalmente nesses programas infantis, e esse ambiente acabava influenciando também no trabalho do Jornalismo. A TV era comandada pelo Roberto Muylaert, um grande executivo, um homem refinado. E o jornalismo era comandado pelo Marco Nascimento, um sujeito aberto, tranqüilo, mas extremamente exigente com a qualidade da informação. A gente tinha uma criatividade muito grande nesses programas infantis e acaba permeando também o jornalismo. A gente tinha uma liberdade grande, não tinha interferência nenhuma. Foi gostoso trabalhar ali.

Daí você entra na TV Globo em 1995, Fernando Henrique havia acabo de ser eleito...
Já tinha tomado posse. O diretor de jornalismo da Globo, quando entrei, era o Alberico Souza Cruz, que vinha desde a época do Collor.

O Alberico não era da mesma época que o Armando Nogueira?
Então, ele era meio que um sub ali, não sei exatamente qual era seu cargo na época do Armando Nogueira. O Armando Nogueira era o diretor, tinha a Alice Maria e o Alberico eu não sei se era editor de política, enfim, era um cargo que não era o diretor geral de jornalismo. Em 1990, logo depois que o Collor assume, o Alberico toma o cargo que era do Armando Nogueira e fica até 1995. Quando eu entrei o diretor já era o Alberico. E em coisa de dois, três meses trocou: saiu o Alberico e entrou o Evandro [Carlos de Andrade].

Você pode contar como foi trabalhar com o Evandro na TV Globo?
Então, vou falar da experiência profissional porque eu vi o Evandro duas, três vezes nos corredores. Ele era um cara de pouca conversa, de outra geração, uma pessoa considerada de personalidade difícil, um cara duro no trato pessoal. Mas profissionalmente acho que ele significou uma virada importante para a Globo. Um das primeiras atitudes dele foi tirar da gaveta um Globo Repórter que havia sido produzido vários anos antes, tinha sido feito por Caco Barcellos e Maurício Maia, produtor aqui de São Paulo, da antiga, de primeira linha, que era um Globo Repórter sobre a Vala de Perus, um cemitério aqui de São Paulo onde foram encontrados corpos de pessoas que tinham sido mortas durante a ditadura. O Maurício e o Caco localizaram essa vala e a Luiza Erundina prefeita se empenhou em investigar, tirou as ossadas de lá, abriu uma investigação, e a Globo acabou nunca pondo no ar o trabalho que eles fizeram, que era um pouco recontar a história desses desaparecidos políticos. Quando o Evandro entra em 95, acho que como uma atitude simbólica, ele fala: "Cadê o programa? Vamos colocar no ar". E põe no ar. Então isso já mostrou que ele vinha não pra fazer nada muito revolucionário, mas era sinal de que agora não há mais assuntos proibidos, a gente tem que fazer jornalismo, contar as coisas, enfim, que devem ser contadas, histórias relevantes que devem ser contadas. Evandro não fez isso porque era bonzinho, mas porque isso era interessante do ponto de vista da empresa. Vamos lembrar que FHC, através do ministro Gregori, trouxe esse tema dos desaparecidos para a agenda política. Não havia porque a Globo continuar represando a história... E durante esse período do Evandro, que coincidiu com meu período na Globo, eu vi esse esforço de ir reconstruindo a imagem do jornalismo da Globo, e não era só uma questão de imagem, na prática mesmo da cobertura política isso foi se fazendo. Na cobertura das eleições, a preocupação de uma coisa didática, explicar a importância da eleição, explicar a importância do voto. Eu participei de várias matérias nessa linha. O Amauri Soares (diretor de Jornalismo em São Paulo) tinha essa preocupação também, havia um núcleo de eleições e as coisas funcionavam nessa linha, de maneira muito correta.

E suas expectativas, antes de entrar, coincidiram com o que você encontrou lá dentro?
As expectativas eram de que as coisas iam ser mais difíceis. Eu conhecia a história recente da Globo. Em relação à campanha das Diretas, da eleição do Collor. E mais pra trás o período da ditadura militar. Então, eu sabia que a história não era das mais favoráveis. Mas quando eu entrei, eu até me surpreendi. E as pessoas me perguntavam: "Pô, você, trabalhar na Globo?". Olha, tem essa coisa do passado. Mas eu no dia-a-dia, sinceramente não sinto grandes problemas no trabalho lá, não. É uma grande empresa, tem seus interesses, tem questões delicadas, mas não é uma coisa assim de controle descabido, não. Eu senti até uma coisa de tirar a tampa da panela de pressão. Vamos fazer o que não se fazia antes, vamos cobrir política, vamos atrás dos candidatos, não tem assunto proibido.

E essa fase foi até que ano?
Olha, Evandro morreu em 2001, mas a estrutura que ele montou continuou funcionando bem durante mais algum tempo... Depois, afastaram o diretor de São Paulo (Amauri Soares), o de Belo Horizonte (Marco Nascimento), e um novo poder interno começou a se delinear. O que me pergunto é: será que os irmãos Marinho têm total consciência do papel nefasto dessa nova direção de jornalismo? Nefasto para a democracia, mas também para os interesses da empresa... Interessa à Globo, por exemplo, ficar marcada como emissora que tenta negar o racismo? Será que a Globo fez uma opção parecida com a da Igreja Católica de Ratzinger: ficar mais coesa, mas também menor e mais reacionária?

Quando você começa a sentir aquela interferência política que você cita em sua carta?
Olha, de forma mais acentuada no período eleitoral [de 2006]. Mas de dois anos pra cá, coisas estranhas aconteceram...

Por exemplo?
Ah, eu fiz um Globo Repórter sobre hidrelétricas no Brasil. E esse Globo Repórter nunca foi ao ar. Ele foi produzido, ele foi gravado, ele foi editado, ele foi mandado para o Rio de Janeiro e veio um retorno de que ele não iria ao ar.

Alguma explicação?
Nenhuma explicação oficial. Nós tivemos aqui algum retorno extra-oficial, mas aí eu preferia não falar porque é coisa interna, acho que ficaria mal. Eu posso te contar o que é público. Era um Globo Repórter sobre hidrelétricas e o enfoque era mostrar o impacto social e ambiental na hora de construir uma usina. Nós mostrávamos o impacto nas populações que moram nas áreas que foram alagadas, o Movimento dos Atingidos por Barragens, mostrávamos uma hidrelétrica na divisa de Santa Catarina com o Rio Grande do Sul que estava em obra e que tinha tido um problema sério porque o primeiro laudo ambiental tava em desacordo com a realidade. Na hora em que foram fazer o segundo laudo descobriram que lá dentro onde haveria o alagamento havia floresta nativa, uma área muito grande que seria prejudicada. Isso não estava no laudo original que tinha autorizado o início da obra. E nós fomos cobrar da empreiteira, a obra tava paralisada, tava uma confusão danada. Então a gente mostrava a questão da população e o meio ambiente, o drama, o Ibama no meio do caminho. E fomos, fizemos a matéria, uma entrevista dura com o representante do Consórcio Baesa, responsável pela usina. O produtor da matéria falou "estranho, porque tem saído, se não me engano, na coluna da Miriam Leitão", isso eu preciso checar também, o cara da Baesa sendo entrevistado, mas com um enfoque oposto ao que a gente vinha dando. Tipo "como o Ibama entrava o desenvolvimento do país", dando voz para um tipo de reclamação dessa. Então nós estávamos lá no sul denunciando que havia algo errado, equivocado, e o do outro lado o jornal dizendo "olha como o Ibama é um entrave ao desenvolvimento do país". Quando isso aconteceu, a gente acendeu a luz amarela. Mas tocamos a matéria até o fim, e no final a matéria não vai ao ar. Aparentemente a nossa matéria não batia com a linha oficial da emissora. Muita gente ligou perguntando, as fontes, as pessoas que havíamos entrevistado: "por que a matéria não foi ao ar?". E, nós, sem resposta. Poderia haver uma explicação do tipo: "Ah, a matéria não estava boa". Se ela não estava boa, eu não entendo porque ela foi utilizada cerca de um ano depois num evento na USP sobre a questão energética, numa parceria entre a Globo e a USP. E nós usamos para ilustrar a palestra trechos desse Globo Repórter que nunca foi ao ar. Porque era praxe nessas palestras, não era bem uma palestra, era um debate transmitido pela TV Universitária. Era um debate de professores com ilustração de reportagens. E uma dessas reportagens era a que fizemos sobre as hidrelétricas. Então se ela não servia pra ir pro ar, mas servia pro debate na USP. Debate esse com anuência da direção da Globo, porque era uma parceria da Globo com a USP. É estranho. Foi um fato estranho.

Você lembra de mais alguma coisa, antes do episódio eleitoral?
Lembro de uma reportagem que fui fazer em São Paulo com o enviado da ONU para assuntos de racismo. Era uma coletiva em São Paulo, fiz a matéria, voltei pra redação, editei, e a matéria foi derrubada.

O que o enviado da ONU dizia?
Entre outras coisas, que tinha percorrido o Brasil e visto que em muitos estados há núcleos de combate ao racismo, Ministério Público em alguns lugares pra tratar da questão do racismo, então se isso existia era uma indicação de que o país reconhecia que havia racismo. Mas ao mesmo tempo ele estranhava que no discurso de algumas autoridades voltasse aquele antigo discurso, discurso clássico da democracia racial: "Olha, não é bem assim no Brasil, aqui é tudo bem, porque todo mundo joga futebol junto, todo mundo sai junto no carnaval". Então ele falou que chamava muita atenção pra ele essa discrepância entre a legislação sobre o racismo, o aparato do estado para combater o racismo e o discurso de certas autoridades dizendo que não havia racismo. E eu coloquei isso na minha matéria de maneira muito sucinta e muito sutil, relatando isso. A matéria foi derrubada.

Alguma explicação oficial?
É, eu tive a explicação de que acharam que meu texto estava editorializado. E as pessoas disseram "não mexe nesse assunto porque o diretor não gosta que mexa nesse assunto". Mas eu resolvi escrever pra ele e tive até um debate em alto nível com ele, ele foi muito educado e, enfim, só não vou dar os detalhes porque foi uma conversa particular. Posso contar o episódio porque foi público, uma entrevista coletiva e a Globo estava lá. E o jornal O Globo deu matéria no dia seguinte.

E entre esse fato e o episódio eleitoral aconteceu mais algum fato relevante?
Não, de relevante não. Foram acontecendo coisas que me chamaram a atenção. De que havia alguma coisa errada, alguma coisa direcionada, me parecia que havia alguma coisa mais direcionada no noticiário. Tipo uma tentativa de tolher aquilo que estava fora do cânone.

Chegando no episódio eleitoral, que motivou a sua carta. O que me chamou mais atenção em sua carta foi o trecho em que você diz que alguns colegas afirmaram que nem na ditadura havia tanta pressão para orientar a cobertura num certo sentido. Você pode dar mais detalhes de como isso era feito, como essas orientações chegavam? Você se recorda de alguma reportagem específica que você gravou e que tenha sofrido essa interferência política?
Eu me recordo, mas eu prefiro, nesse episódio... O que eu tinha pra dizer eu disse lá na carta, que era uma carta interna, você vai compreender. Acho que não é legal ficar revelando detalhes do que aconteceu porque eu vou acabar expondo outras pessoas, posso acabar falando demais. O que eu tinha pra dizer eu falei ali para meus colegas, mas acabou vazando. E o que me chateia um pouco foi a reação do diretor de jornalismo aqui de São Paulo, que tentou me desqualificar.

Tentaram te desqualificar?
É. A mesma prática usada com Franklin Martins, a mesma prática usada agora com o editor Marco Aurélio Mello. Um troço feio, desnecessário. Fora o fato de que bloquearam meu crachá imediatamente - com o contrato ainda em vigor, uma arbitrariedade clara - e tive que pular a catraca eletrônica pra sair da Globo... Barrarem entrada de quem eles não gostam, vá lá. Mas barrar o cara que quer sair? Parece coisa de senhor de engenho. Ainda há, ali, mentalidade de senhor de engenho, e há capitães do mato fazendo o serviço sujo ali. Largos setores da imprensa ainda vivem como se a Revolução de 30 não tivesse acontecido. São "barões da imprensa", como disse um colega também admoestado pela direção da Globo.

Não vou perguntar mais nada, então. Só me confirme, por favor. O que você colocou na carta: chegaram solicitações para que algumas palavras do texto da reportagem fossem substituídas, algumas entrevistas também, e perguntas em entrevistas. Era isso?
Sim. Era isso.

É verdade que a TV Globo é favorecida em algumas investigações? Ela tem, de fato, acesso a informações privilegiadas?
Eu acho difícil saber...

Você sentia isso lá, que a empresa, de alguma forma, tinha acesso a documentos, a lugares?
Em alguns momentos tinha acesso... O fato de ser TV Globo facilita. Porque é um carimbo que abre portas. Então em alguns momentos há o favorecimento à emissora e em outros momentos é o trabalho de bons profissionais. Não tem como negar que bons profissionais continua lá. Também não podemos criar a imagem de que tudo também é essa coisa da Globo. Acho que há o trabalho das pessoas. Em outros momentos há o interesse de quem passa a notícia, de passar praquela que até hoje, pelo menos, tem mais audiência. Mas isso tá mudando. Você viu agora nesse episódio da Polícia Federal, em que a Record conseguiu exclusividade e a Globo foi reclamar com o ministro. Então alguma coisa está mudando. Achei um episódio significativo. Se é verdade que isso aconteceu, a Globo ter ido reclamar com o ministro da Justiça.

Bom, se quiser acrescentar alguma coisa...
Tem uma coisa. O diretor de jornalismo aqui de São Paulo [Luiz Cláudio Latgé] perguntou em sua carta-resposta "ah, se ele achava tudo isso, por que não se demitiu antes?". Eu tinha um contrato com a Globo. Quem se demite é empregado. Eu não era empregado, eu tinha um contrato com a Globo. Esse é um ponto. O segundo ponto é que eu não podia pelo contrato me demitir a não ser que eu pagasse uma multa de 800 mil reais, o que eu não tinha a menor condição de pagar uma multa desse tamanho. Tava previsto ali que se romper o contrato unilateralmente ensejaria uma multa que no meu caso chegaria a esse valor. Então, é fazer de conta que isso não existe. Não sei a quem ele tá querendo iludir. Enfim, não vou nem perder tempo porque acho até que ele é um personagem menor nessa história toda. Ele é como um coroinha, querendo agradar o cardeal Ratzinger.... Só pra esclarecer as pessoas mesmo. Eu não podia me demitir, a não ser que pagasse a multa e seria uma atitude talvez heróica, o que não era meu objetivo. Eu sou um profissional, preciso cuidar da minha vida.

E você pode falar sobre esse contrato. Ele é normal?
É normal. A maioria dos jornalistas da Globo, e mesmo fora da Globo, trabalha com esse tipo de contrato. Não é contratado pela CLT, você trabalha sob um contrato em que abre uma empresa que presta serviços pra TV Globo ou...

É o tal contrato de Pessoa Jurídica.
De Pessoa Jurídica.

Tem um tempo máximo ou mínimo, ou é caso a caso?
Não. É caso a caso. Pode ser dois, três, quatro anos.

Isso serve para a contratante economizar com encargos trabalhistas?
Eu imagino que sim, né? E também pra criar um vínculo um pouco mais forte. Porque, veja, se no meio do contrato o contratado está descontente, ele não pode pegar o boné e ir embora. De outro lado também a empresa não pode demitir o sujeito, a não ser que pague a multa. Ou seja, é um outro tipo de relação. No meu caso não existia essa figura de eu me demitir. Outra coisa que ele dá a entender na carta que eu queria continuar da Globo. Ele dizia que os sinais que eu emitia era de que eu queria continuar. Pelo contrário! O que eu queria era, ao fim do meu contrato, ter uma última conversa com o diretor geral de Jornalismo no Rio, pra saber: "o jogo é esse? Porque se o jogo for esse não tem lugar pra mim mais na empresa...". Eles tentaram se antecipar, achavam que eu estava frágil, só não contavam com minha carta - escrita já há algumas semanas. Meus amigos com quem eu tinha conversado sabem que eu já estava preparado para ir embora, já estava procurando outras alternativas.

Tanto que não ficou nem um dia desempregado. Assim que terminou seu contrato com a Globo, assinou com a Record. Como está sendo trabalhar lá?
Estou muito feliz. Trabalho numa redação com ambiente muito mais saudável, sem perseguições, sem chefes que tentam negar o racismo no Brasil ou que tentam reescrever a história das Diretas no Brasil... Humildemente, vou dar minha colaboração para que a Record cresça, ganhe audiência, e crie um mercado mais equilibrado no país.

E com relação à liberdade para fazer jornalismo?
A liberdade de trabalho tem sido total, a estrutura do Jornalismo em São Paulo é excelente, e agora a Record começa a investir também na rede, nas afiliadas pelo Brasil. Estreei no novo emprego com uma série de matérias na Índia, para o Jornal da Record. O curioso é que na mesma semana a Globo correu pra botar uma série sobre a Índia no Jornal da Globo... Eles estão se incomodando lá, pela primeira vez a Globo tem que prestar atenção na concorrência. Não por minha causa, evidentemente, mas porque a Record tem um projeto consistente de Jornalismo, um projeto consistente pra concorrer e, num segundo momento, pra ganhar da Globo.

FONTE:http://www.fazendomedia.com/novas/entrevista120407.htm

A verdade sobre a Rede Globo

arta de Rodrigo Vianna, jornalista da Rede Globo em São Paulo. Ele fez esta carta ao fim das eleições de 2006 mas a carta só pode ser publicada agora (caso públicada antes ele pagaria uma multa de R$ 800.000) que seu contrato expirou e não será renovado.

Em contraste com vários elógios que tenho feito à algumas produções globais o jornalismo de 2006 foi um retrocesso. Esta matéria da Carta Capital é uma leitura obrigatoria para entender melhor o que aconteceu.


LEALDADE

Quando cheguei à TV Globo, em 1995, eu tinha mais cabelo, mais esperança, e também mais ilusões. Perdi boa parte do primeiro e das últimas. A esperança diminuiu, mas sobrevive. Esperança de fazer jornalismo que sirva pra transformar – ainda que de forma modesta e pontual. Infelizmente, está difícil continuar cumprindo esse compromisso aqui na Globo. Por isso, estou indo embora.

Quando entrei na TV Globo, os amigos, os antigos colegas de Faculdade, diziam: “você não vai agüentar nem um ano naquela TV que manipula eleições, fatos, cérebros”. Agüentei doze anos. E vou dizer: costumava contar a meus amigos que na Globo fazíamos – sim – bom jornalismo. Havia, ao menos, um esforço nessa direção.

Na última década, em debates nas universidades, ou nas mesas de bar, a cada vez que me perguntavam sobre manipulação e controle político na Globo, eu costumava dizer: “olha, isso é coisa do passado; esse tempo ficou pra trás”.

Isso não era só um discurso. Acompanhei de perto a chegada de Evandro Carlos de Andrade ao comando da TV, e a tentativa dele de profissionalizar nosso trabalho. Jornalismo comunitário, cobertura política – da qual participei de 98 a 2006. Matérias didáticas sobre o voto, sobre a democracia. Cobertura factual das eleições, debates. Pode parecer bobagem, mas tive orgulho de participar desse momento de virada no Jornalismo da Globo.

Parecia uma virada. Infelizmente, a cobertura das eleições de 2006 mostrou que eu havia me iludido. O que vivemos aqui entre setembro e outubro de 2006 não foi ficção. Aconteceu.

Pode ser que algum chefe queira fazer abaixo-assinado para provar que não aconteceu. Mas, é ruim, hem!

Intervenção minuciosa em nossos textos, trocas de palavras a mando de chefes, entrevistas de candidatos (gravadas na rua) escolhidas a dedo, à distância, por um personagem quase mítico que paira sobre a Redação: “o fulano (e vocês sabem de quem estou falando) quer esse trecho; o fulano quer que mude essa palavra no texto”.

Tudo isso aconteceu. E nem foi o pior.

Na reta final do primeiro turno, os “aloprados do PT” aprontaram; e aloprados na chefia do jornalismo global botaram por terra anos de esforço para construir um novo tipo de trabalho aqui.

Ao lado de um grupo de colegas, entrei na sala de nosso chefe em São Paulo, no dia 18 de setembro, para reclamar da cobertura e pedir equilíbrio nas matérias: “por que não vamos repercutir a matéria da “Istoé”, mostrando que a gênese dos sanguessugas ocorreu sob os tucanos? Por que não vamos a Piracicaba, contar quem é Abel Pereira? “

Por que isso, por que aquilo… Nenhuma resposta convincente. E uma cobertura desastrosa. Será que acharam que ninguém ia perceber?

Quando, no JN, chamavam Gedimar e Valdebran de “petistas” e, ao mesmo tempo, falavam de Abel Pereira como empresário ligado a um ex-ministro do “governo anterior”, acharam que ninguém ia achar estranho?

Faltando seis dias para o primeiro turno, o “petista” Humberto Costa foi indiciado pela PF. No caso dos vampiros. O fato foi parar em manchete no JN, e isso era normal. O anormal é que, no mesmo dia, esconderam o nome de Platão, ex-assessor do ministério na época de Serra/Barjas Negri. Os chefes sabiam da existência de Platão, pediram a produtores pra checar tudo sobre ele, mas preferiram não dar. Que jornalismo é esse, que poupa e defende Platão, mas detesta Freud! Deve haver uma explicação psicanalítica para jornalismo tão seletivo!

Ah, sim, Freud. Elio Gaspari chegou a pedir desculpas em nome dos jornalistas ao tal Freud Godoy. O cara pode ter muitos pecados. Mas, o que fizemos na véspera da eleição foi incrível: matéria mostrando as “suspeitas”, e apontando o dedo para a sala onde ele trabalhava, bem próximo à sala do presidente… A mensagem era clara. Mas, quando a PF concluiu que não havia nada contra ele, o principal telejornal da Globo silenciou antes da eleição.

Não vi matérias mostrando as conexões de Platão com Serra, com os tucanos.

Também não vi (antes do primeiro turno) reportagens mostrando quem era Abel Pereira, quem era Barjas Negri, e quais eram as conexões deles com PSDB. Mas vi várias matérias ressaltando os personagens petistas do escândalo. E, vejam: ninguém na Redação queria poupar os petistas (eu cobri durante meses o caso Santo André; eram matérias desfavoráveis a Lula e ao PT, nunca achei que não devêssemos fazer; seria o fim da picada…).

O que pedíamos era isonomia. Durante duas semanas, às vésperas do primeiro turno, a Globo de São Paulo designou dois repórteres para acompanhar o caso dossiê: um em São Paulo, outro em Cuiabá. Mas, nada de Piracicaba, nada de Barjas.!

Um colega nosso chegou a produzir, de forma precária, por telefone (vejam, bem, por telefone! Uma TV como a Globo fazer reportagem por telefone), reportagem com perfil do Abel. Foi editada, gerada para o Rio. Nunca foi ao ar!

Os telespectadores da Globo nunca viram Serra e os tucanos entregando ambulâncias cercados pelos deputados sanguessugas. Era o que estava na tal fita do “dossiê”. Outras TVs mostraram o vídeo, a internet mostrou. A Globo, não. Provava alguma coisa contra Serra? Não. Ele não era obrigado a saber das falcatruas de deputados do baixo clero. Mas, por que demos o gabinete de Freud pertinho de Lula, e não demos Serra com sanguessugas?

E o caso gravíssimo das perguntas para o Serra? Ouvi, de pelo menos 3 pessoas diretamente envolvidas com o SP-TV Segunda Edição, que as perguntas para o Serra, na entrevista ao vivo no jornal, às vésperas do primeiro turno, foram rigorosamente selecionadas. Aquele diretor (aquele, vocês sabem quem) teria mandado cortar todas as perguntas “desagradáveis”. A equipe do jornal ficou atônita. Entrevistas com os outros candidatos tinham sido duras, feitas com liberdade. Com o Serra, teria havido, deliberadamente, a intenção de amaciar.

E isso era um segredo de polichinelo. Muita gente ouviu essa história pelos corredores…

E as fotos da grana dos aloprados? Tínhamos que publicar? Claro. Mas, porque não demos a história completa? Os colegas que estavam na PF naquele dia (15 de setembro), tinham a gravação, mostrando as circunstâncias em que o delegado vazara as fotos. Justiça seja feita: sei que eles (repórter e produtor) queriam dar a matéria completa – as fotos, e as circunstâncias do vazamento. Podiam até proteger a fonte, mas escancarando o que são os bastidores de uma campanha no Brasil. Isso seria fazer jornalismo, expor as entranhas do poder.

Mais uma vez, fomos seletivos: as fotos mostradas com estardalhaço. A fita do delegado, essa sumiu!

Aquele diretor, aquele que controla cada palavra dos textos de política, disse que só tomou conhecimento do conteúdo da fita no dia seguinte. Quer que a gente acredite?

Por que nunca mostraram o conteúdo da fita do delegado no JN?

O JN levou um furo, foi isso?

Um colega nosso, aqui da Globo ouviu a fita e botou no site pessoal dele… Mas, a Globo não pôs no ar… O portal “G-1″ botou na íntegra a fita do delegado, dias depois de a “CartaCapital” ter dado o caso. Era noticia? Para o portal das Organizações Globo, era.

Por que o JN não deu no dia 29 de setembro? Levou um furo?

Não. Furada foi a cobertura da eleição. Infelizmente.

E, pra terminar, aquele episódio lamentável do abaixo-assinado, depois das matérias da “CartaCapital”. Respeito os colegas que assinaram. Alguns assinaram por medo, outros por convicção. Mas, o fato é que foi um abaixo-assinado em defesa da Globo, apresentado por chefes!

Pensem bem. Imaginem a seguinte hipótese: a revista “Quatro Rodas” dá matéria falando mal da suspensão de um carro da Volkswagen, acusando a empresa de deliberadamente não tomar conhecimento dos problemas. Aí, como resposta, os diretores da Volks têm a brilhante idéia de pedir aos metalúrgicos pra assinar um manifesto em defesa da empresa! O que vocês acham? Os metalúrgicos mandariam a direção da fábrica catar coquinho em Berlim!

Aqui, na Globo, muitos preferiram assinar. Por isso, talvez, tenhamos um metalúrgico na Presidência da República, enquanto os jornalistas ficaram falando sozinhos nessa eleição…

De resto, está difícil continuar fazendo jornalismo numa emissora que obriga repórteres a chamarem negros de “pretos e pardos”. Vocês já viram isso no ar? Sinto vergonha…

A justificativa: IBGE (e, portanto, o Estado brasileiro) usa essa nomenclatura. Problema do IBGE. Eu me recuso a entrar nessa. Delegados de policia (representantes do Estado) costumavam (até bem pouco tempo) tratar companheiras (mesmo em relações estáveis) como “concubinas” ou “amásias”. Nunca usamos esses termos!

Árabes que chegaram ao Brasil no início do século passado eram chamados de “turcos” pelas autoridades (o passaporte era do Império Turco Otomano, por isso a nomenclatura). Por causa disso, jornalistas deviam chamar libaneses de turcos?

Daqui a pouco, a Globo vai pedir para que chamemos a Parada Gay de “Parada dos Pederastas”. Francamente, não tenho mais estômago.

Mas, também, o que esperar de uma Redação que é dirigida por alguém que defende a cobertura feita pela Globo na época das Diretas?

Respeito a imensa maioria dos colegas que ficam aqui. Tenho certeza que vão continuar se esforçando pra fazer bom Jornalismo. Não será fácil a tarefa de vocês.

Olhem no ar. Ouçam os comentaristas. As poucas vozes dissonantes sumiram. Franklin Martins foi afastado. Do Bom dia Brasil ao JG, temos um desfile de gente que está do mesmo lado.

Mas sabem o que me deixou preocupado mesmo? O texto do João Roberto Marinho depois das eleições.

Ele comemorou a reação (dando a entender que foi absolutamente espontânea; será que disseram isso pra ele? Será que não contaram a ele do mal-estar na Redação de São Paulo?) de jornalistas em defesa da cobertura da Globo:

“(…)diante de calúnias e infâmias, reagem, não com dúvidas ou incertezas, mas com repúdio e indignação. Chamo isso de lealdade e confiança”.

Entendi. Ele comemora que não haja dúvidas e incertezas… Faz sentido. Incerteza atrapalha fechamento de jornal. Incerteza e dúvida são palavras terríveis. Devem ser banidas. Como qualquer um que diga que há racismo – sim – no Brasil.

E vejam o vocabulário: “lealdade e confiança”. Organizações ainda hoje bem populares na Itália costumam usar esse jargão da “lealdade”.

Caro João, você talvez nem saiba direito quem eu sou.

Mas, gostaria de dizer a você que lealdade devemos ter com princípios, e com a sociedade. A Globo, infelizmente, não foi “leal” com o público. Nem com os jornalistas.Vai pagar o preço por isso. É saudável que pague. Em nome da democracia!

João, da família Marinho, disse mais no brilhante comunicado interno:

“Pude ter certeza absoluta de que os colaboradores da Rede Globo sabem que podem e devem discordar das decisões editoriais no trabalho cotidiano que levam à feitura de nossos telejornais, porque o bom jornalismo é sempre resultado de muitas cabeças pensando”.

Caro João, em que planeta você vive? Várias cabeças? Nunca, nem na ditadura (dizem-me os companheiros mais antigos) tivemos na Globo um jornalismo tão centralizado, a tal ponto que os repórteres trabalham mais como bonecos de ventríloquos, especialmente na cobertura política!

Cumpro agora um dever de lealdade: informo-lhe que, passadas as eleições, quem discordou da linha editorial da casa foi posto na “geladeira”. Foi lamentável, caro João. Você devia saber como anda o ânimo da Redação – especialmente em São Paulo.

Boa parte dos seus “colaboradores” (você, João, aprendeu direitinho o vocabulário ideológico dos consultores e tecnocratas – “colaboradores”, essa é boa… Eu não sou colaborador, coisa nenhuma! Sou jornalista!) está triste e ressabiada com o que se passou.

Mas, isso tudo tem pouca importância.

Grave mesmo é a tela da Globo – no Jornalismo, especialmente – não refletir a diversidade social e política brasileira. Nos anos 90, houve um ensaio, um movimento em direção à pluralidade. Já abortado. Será que a opção é consciente?

Isso me lembra a Igreja Católica, que sob Ratzinger preferiu expurgar o braço progressista. Fez uma opção deliberada: preferiram ficar menores, porém mais coesos ideologicamente. Foi essa a opção de Ratzinger. Será essa a opção dos Marinho?

Depois, não sabem porque os protestantes crescem…

Eu, que não sou católico nem protestante, fico apenas preocupado por ver uma concessão pública ser usada dessa maneira!

Mas, essa é também uma carta de despedida, sentimental.

Por isso, peço licença pra falar de lembranças pessoais.

Foram quase doze anos de Globo.

Quando entrei na TV, em 95, lá na antiga sede da praça Marechal, havia a Toninha – nossa mendiga de estimação, debaixo do viaduto. Os berros que ela dava em frente à entrada da TV traziam uma dimensão humana ao ambiente, lembravam-nos da fragilidade de todos nós, de como nossa razão pode ser frágil.

Havia o João Paulada – o faz-tudo da Redação.

Havia a moça do cafezinho (feito no coador, e entregue em garrafas térmicas), a tia dos doces…

Era um ambiente mais caseiro, menos pomposo. Hoje, na hora de dizer tchau, sinto saudade de tudo aquilo.

Havia bares sujos, pessoas simples circulando em volta de todos nós – nas ruas, no Metrô, na padaria.

Todos, do apresentador ao contínuo, tinham que entrar a pé na Redação. Estacionamentos eram externos (não havia “vallet park”, nem catraca eletrônica). A caminhada pelas calçadas do centro da cidade obrigava-nos a um salutar contato com a desigualdade brasileira.

Hoje, quando olho pra nossa Redação aqui na Berrini, tenho a impressão que estou numa agência de publicidade. Ambiente asséptico, higienizado. Confortável, é verdade. Mas triste, quase desumano.

Mas, há as pessoas. Essas valem a pena.

Pra quem conseguiu chegar até o fim dessa longa carta, preciso dizer duas coisas…

1) Sinto-me aliviado por ficar longe de determinados personagens, pretensiosos e arrogantes, que exigem “lealdade”; parecem “poderosos chefões” falando com seus seguidores… Se depender de mim, como aconteceu na eleição, vão ficar falando sozinhos.

2) Mas, de meus colegas, da imensa maioria, vou sentir saudades.

Saudades das equipes na rua – UPJs que foram professores; cinegrafistas que foram companheiros; esses sim (todos) leais ao Jornalismo.

Saudades dos editores – que tiveram paciência com esse repórter aflito e procuraram ser leais às minúcias factuais.

Saudades dos produtores e dos chefes de reportagem – acho que fui leal com as pautas de vocês e (bem menos) com os horários!

Saudades de cada companheiro do apoio e da técnica – sempre leais.

Saudades especialmente, das grandes matérias no Globo Repórter – com aquela equipe de mestres (no Rio e em São Paulo) que aos poucos vai se desmontando, sem lealdade nem respeito com quem fez história (mas há bravos resistentes ainda).

Bem, pelo tom um tanto ácido dessa carta pode não parecer. Mas levo muita coisa boa daqui.

Perdi cabelos e ilusões. Mas, não a esperança.

Um beijo a todos.

Rodrigo Vianna